Para mim a recolha e meditação é parte essencial e fundamental para uma pacífica existência. Divirjo entre a necessidade da solidão e a necessidade dos outros, na sua medida pois a fobia social pode em certos casos aparecer. No entanto a solidão em demasia dá-me não só demasiado tempo para pensar sozinha como a falta de confronto de ideias.

Estou sempre a vaguear por estas duas balanças que controlam a minha emotividade. A auto-reflexão é, talvez, algo que eu faço a maior parte do tempo - o que não é necessariamente benéfico.

Necessito de me entreter, de actividade, de algo que me permita deixar de pensar. A apreciação dos lugares num panorama mais afastado permite-me essa actividade, assim como o exercício físico, caso o faça. No entanto a minha dispersão ocorre precisamente nos locais de maior conforto. Onde estou desconfortável estou organizada, onde me conforto a minha mente percorre ideias que nunca mais acabam numa ordem ao acaso e insociável.

Pegando no tópico acima - a auto reflexão, ou as conversas comigo mesma já me permitiram chegar aos estados mais destrutivos e aos mais iluminados - curiosamente associados à existência de um Ego ou o desaparecimento dele. Por isso mesmo gostaria de expôr essas situações, não comigo mas com o mundo. De certo milhares terão sentido algo similar. Se o meu objectivo é trazer uma certa paz é portanto igualmente confrontar o medo.

Curiosamente apenas escrevo para continuar uma linha de pensamento, pois usualmente a minha escrita é condicionada por esse sentimento de medo. Quando estou bem não sinto necessidade de o escrever.

Chiara Bautista